Evento discutirá os desafios do financiamento à cultura

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O II Seminário #Procultura que acontecerá no dia 17 de agosto, em São Paulo, com o objetivo de qualificar o debate sobre o atual status do financiamento à cultura no Brasil é uma ótima oportunidade de empresários e profissionais da área de marketing cultural se atualizarem sobre as mudanças referentes a Lei Rouanet e os modelos e propostas de utilização de incentivo no meio empresarial.

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, irá ministrar a conferência de abertura do evento, com o tema ”Financiamento à cultura no Brasil – O futuro da relação entre Estado, mercado e produção cultural”.

Confira a programação:

08h30 às 9h – Credenciamento.

9h às 10h ‐ Abertura: Marta Suplicy Financiamento à cultura no Brasil | O futuro da relação entre Estado, mercado e produção cultural.

10h às 10h30 – Coffee Break

10h30 às 12h ‐ Debate | Os desafios do Procultura | Como tornar a Lei Rouanet mais acessível e democrática?
Pedro Eugênio (Deputado Federal)
Fábio Cesnik (Cesnik, Quintino e Salinas)
Roberto Souza Leão (Instituto Tomie Ohtake) Mediador

12h às 14h ‐ Almoço

14h às 16h ‐ Debate Cultura é um bom negócio? | Modelos e propostas de utilização do incentivo em ambiente empresarial
Marcos Madureira (Diretor de Comunicação, Relações Internacionais e Sustentabilidade do Santander Brasil) e mais convidados a confirmar.

16h às 16h30 – Coffee Break

16h30 às 17h30 – Aquário | Problemas e Soluções | Ideias e propostas para a Lei Rouanet e para o Procultura.
Representantes de entidades parceiras.

17h30 às 18h30 – Palestra | Lei Rouanet X Procultura | O aperfeiçoamentos da Lei Rouanet à luz do Procultura.
Henilton Menezes (Secretário de Fomento e Incentivo à Cultura)

As inscrições podem ser feitas com desconto até o dia 31 de julhoClique aqui para garantir sua vaga.

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Entrevista: Manoel Marcondes Neto

Nesta entrevista, o Doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes de São Paulo (USP) e autor de diversos livros de marketing cultural, Manoel Marcondes Neto explica os principais desafios enfrentados pelo marketing cultural, fornece dicas para os profissionais que desejam atuar na área e discute sobre os benefícios que as políticas públicas podem trazer para o desenvolvimento do setor no país. Confira:

Caricultura – O que despertou o seu interesse pelo marketing cultural? Como foi a sua primeira experiência na área?

Marcondes Neto- Meu interesse, como relações-públicas, já na faculdade, direcionou-se para a divulgação de artistas e espetáculos. Minha primeira experiência na área: fiz um projeto para o Departamento Cultural da UERJ, ganhei uma bolsa de estudos e fiquei um ano depois de formado trabalhando no projeto que intitulei “A UERJ abre as suas portas”, promovendo a universidade como um lugar, também, para se fluir cultura, e não só pelos seus frequentadores do dia-a-dia, mas toda a comunidade de entorno.

Caricultura- Em Minas Gerais, percebe-se a falta de investimentos em cursos e eventos para que os profissionais possam se aperfeiçoar na área de marketing cultural. Não há cursos específicos oferecidos em universidades e o governo do estado não demonstra preocupação com isso. Como o senhor avalia esses desafios enfrentados pelo marketing cultural? Na sua opinião, essa realidade se estende para o restante do país?

Marcondes Neto – Do fim para o começo: Sim, a realidade de desinteresse dos governos é geral. E nos três níveis: municipal, estadual e federal. Hoje avalio que a separação administrativa imposta (entre Cultura e Educação) está na raiz do enfraquecimento da ação cultural pública.

Caricultura – O senhor acredita que existe uma formação específica para que um profissional possa atuar na área de marketing cultural? Por quê?

Marcondes Neto –  Acredito, sim. A área de produção cultural abrange conhecimentos de Administração, Artes, Comunicação, Direito, Finanças, Marketing e… Tributos (em virtude da adoção de um único tipo de política pública de cultura – a de concessão de incentivos fiscais). Portanto, um “locus” especial verdadeiramente transdisciplinar é demanda primária para se formar perfis habilitados em articular duas coisas aparentemente inconciliáveis: o marketing e a cultura.

Caricultura – Recentemente a Câmara dos Deputados aprovou o Programa Nacional de Fomento à Cultura (Procultura) e o Vale-Cultura. Em sua opinião, essas ações poderão substituir a Lei Rouanet? Por quê?

Marcondes Neto – Tais modificações estão em gestação desde 2003… foram aprovadas apenas em primeira instância e, por isso, não entraram em vigor. A Lei Rouanet continua a vigorar quase que nos mesmos moldes de sua criação, em 1991. Ou seja, vivemos no atraso. E não acredito que as modalidades de “mecenato” nas quais agências de propaganda, artistas, patrocinadores, produtores e veículos de comunicação já estão todos viciados deixem de existir. No máximo conviverão com o vale-cultura.

Caricultura – Quais os benefícios que o senhor acredita que o Procultura e o Vale-Cultura poderão trazer para o marketing cultural brasileiro?

Marcondes Neto – As modificações em pauta querem descentralizar o investimento cultural público (Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília concentram 85% das verbas e apenas 3% dos proponentes manipulam 50% da renúncia federal) e equilibrar a decisão sobre o quê patrocinar – hoje algo a cargo dos departamentos e marketing das empresas anunciantes.

Caricultura – No seu livro “Marketing Cultural: das práticas a teoria” são apresentadas as 4 modalidades do marketing cultural: marketing cultural de fim, marketing cultural de agente, marketing cultural de meio e marketing cultural misto. Atualmente, quais desses tipos o senhor acredita que seja mais praticado no Brasil? Por quê?

Marcondes Neto – O misto, porque está baseado na escassez de recursos e na formação de parcerias, ou seja, organizações diversas em co-patrocínio. É a modalidade que mais cresce e, também, a que apresenta maior desafio de “imagem”: – como dar destaque à minha marca, se ela aparece ao lado de duas, três, cinco, dez, “n” marcas também apoiadoras da mesma iniciativa?

Caricultura – Quais as dicas para um profissional que deseja trabalhar na área de marketing cultural?

Marcondes Neto –  Procurar estudar – como autodidata ou por meio de cursos – e fazer um estágio numa produtora de arte, de vídeo, de música, de shows, de exposições, de dança etc. para conhecer o mercado e suas práticas.

Caricultura – Na sua opinião, quais os principais desafios enfrentados, atualmente, pelo marketing cultural brasileiro? Como superar esses obstáculos?

Marcondes Neto – O mais importante obstáculo é o do preconceito. Alguns puristas torcem o nariz à expressão “marketing cultural”, mas o processo de viabilizar iniciativas artístico-culturais – mesmo as públicas – é genuíno exemplo de marketing. Afinal, trata-se de conceber uma proposta de valor, precificá-la, promovê-la e distribuí-la, ou seja, a aplicação do composto de marketing (“marketing mix”) à área da produção artístico- cultural.

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Saudades do anjo com sobrenome de flor

Hoje faz 20 dias que a Ilda Accácia, aquele anjo lindo com sobrenome de flor que ilumina a minha vida foi florir o céu e deixar ele mais lindo!

As saudades são enormes, mas ela deixou muitas sementinhas plantadas por aqui que hão de crescer e deixar o mundo mais belo e melhor! Embalo esse post com Vinícius de Moraes para homenagear o meu anjo com sobrenome de flor. Chega de saudade…

 

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Lya Luft traduz sentimentos

Hoje depois do trabalho, na sala de espera de um consultório, por acaso peguei uma revista e li um lindo texto da talentosa Lya Luft que me ajudou a entender um pouco a situação que vivo atualmente. Gostaria de compartilhar com vocês. Espero que ajude de alguma forma.

Elegia do amigo morto

 

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“Foram-se os bons, os ternos, os belos, mas eu não me conformo”, foi o que, citando livremente, lembro-me que disse que uma poeta americana, Sarah Teasdale, que estudei nos tempos da faculdade. Recentemente foi reeditado um livro meu sobre o assunto, O Lado Fatal, e comecei a receber e-mails de leitores que passaram por essa dura, incompreensível experiência: alguém que amamos, ou conhecíamos, deixou de existir. Não ouviremos seu passo no corredor, sua voz ao telefone, não teremos longas conversas, não nos reuniremos em grupos de amigos, não contaremos façanhas ou fofocas ou queixas, não trocaremos e-mails. O endereço eletrônico inútil ainda nos espreita no computador, o que fazer? Deletar como se a gente deletasse uma vida?

Esta coluna é uma homenagem, não só a um velho amigo que se foi recentemente, como todas as pessoas queridas que perdi. Homenagens não trazem ninguém de volta, mas talvez ajudem a nós, os que ficamos, a curtir mais, e melhor o que temos por perto, em lampejos de silêncio e contemplação (ato heróico na cortesia destes tempos loucos e fascinantes,mas a gente consegue).

A morte, intrusa indesejada sobre a qual tanto se fala, se pensa, se escreve, foi personagem de alguns dos meus livros e causa de algumas incuráveis dores. Ela não pede licença: sem bater, escancara num repelão porta ou janela, entra num salto, com suas vestes cheirando a mofo e seus olhos de gato escuro. Às vezes pega quem mais amamos. E aí não tem remédio, não tem descanso, não tem nada senão dor – apesar da nossa natural dificuldade de lidar com ela, a dor é necessária nesses primeiros tempos. É preciso chegar ao fundo desse poço escuro para poder sair dele, ou ao menos ter a cabeça á tona d água. Presenças bondosas, conforto de alguma palavra amiga, saber que os outros estão aí, que ajudam também nas coisas práticas, nos fazem sobreviver. Mas não queiram que a gente sofra, mesmo nessa cultura nossa do barulho e da agitação, em que no segundo dia já querem que a gente passe o batom e saia às compras. Não por maldade, mas por essa aflição que nos ataca diante do sofrimento alheio em parte porque ele é uma ameaça à nossa vidinha bem-posta: seremos os próximos?

Mas quero homenagear um amigo querido meu, de meu marido, de minha família, que morreu há poucos dias. O nome não importa, quem o sempre conheceu saberá. Sua idade não importa, a tristeza é sempre a mesma. Qual seria a hora certa para morrer? Minha mãe morreu aos 90 anos, há quase dez anos ausente desse nosso mundo, arrebatada pelo cruel Alzheimer. Fazia anos que nem me reconhecia, mas também foi duro: de repente, eu não tinha mais a quem pudesse chamar de “mãe”, e me senti extraordinariamente órfã.

Então, na pessoa desse amigo, homenageio aqui todos os que se foram – embora eu acredite que permaneçam não importa como, em forma de alma, energia ou memória, o que já seria muito bom: de memórias positivas, que nos iluminem, nos emocionem ou nos façam sorrir, estamos precisados. E homenageio aqui, também, a todos nós que ficamos com a singular tarefa de preservar, no coração e no pensamento, esses que aparentemente perdemos, e de aos poucos retomar a vida – como os mortos gostariam que a gente fizesse. Pois igualmente acredito, com firmeza, que é melhor deixar que os mortos morram (quem viveu isso entende). No começo do luto “tudo é horrível”, dizia uma velha amiga, que havia muitos anos tinha perdido um filho, “mas com o tempo dói menos”.

E afinal a vida chama, ainda que o no início isso nos pareça um insulto. Pois honrando a vida também estamos honrando os nossos mortos, que, na nossa lembrança não mais crispada, na nossa melancolia não mais indignada, na integração de seus atos e palavras em nós, no que temos de melhor, continuarão vivos. Em última análise, apesar de todo dilaceramento, solidão e lágrimas, a morte (que não é fim, mas transformação), estranhamente, loucamente, tem um poderio limitado: seu dedo cruel e ossudo não consegue encontrar a tecla com que deletar nossos melhores afetos.

Na literatura, Elegia é uma poesia triste, melancólica ou complacente, especialmente composta como música para funeral, ou um lamento de morte.
 
Texto da escritora Lya Luft, revista Veja, edição nº 2256, de 15 de fevereiro de 2012. p.24

 

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Música e poesia dão o tom para o fim de semana em BH

 

Tom de Minas é revelação no cenário musical

Você é tudo que eu sempre quis e muito mais/ Você me faz sentir o que é o amor, o que é a paz/ Felicidade assim, invade enfim meu coração/ Amor, meu grande amor, pra te amar quanta razão. Apesar de estarmos no mês dos namorados essa não é uma declaração de amor que fiz, mas um dos trechos da música Meu Grande Amor, do cantor, compositor e violonista Tom de Minas, que realizará um show em BH no dia 11/06, no Teatro Santo Agostinho, às 21hs.

Apresentando o seu novo trabalho A Voz, o Violão e Algo Mais de Tom de Minas, o repertório musical terá canções de Milton Nascimento, 14 Bis, Tom Jobim, Vander Lee e Lenine, assim como músicas inéditas que fazem parte do projeto Dias Floridos que tem previsão de ser lançado ainda este ano.

O show contará também com poesia. Em alguns momentos o cantor recitará versos de poetas que vão desde os brasileiros até Shakespeare.

A carreira artística do cantor começou cedo, aos 13 anos realizou seu primeiro show na Feira da Paz de Contagem. O lado compositor do artista também é destaque, tendo canções classificadas em 1º e 2º lugares em eventos como Iº Festival de Música Franciscana de Minas Gerais.

Para os amantes da música e da poesia fica a dica para conhecer uma das novas revelações do cenário musical mineiro e aproveitar para curtir o fim de semana em grande estilo.

 

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Revista de Teatro da UFMG recebe trabalhos para publicação

A revista Lamparina (Revista de Ensino de Teatro da EBA/UFMG) receberá até 01/09/2011 colaborações de artigos, resenhas, autorias, entrevistas e traduções sobre o tema metodologia do ensino do teatro.

De acordo com a convocatória da publicação os trabalhos devem seguir a formatação abaixo:

Artigo Original: Mínimo 06, máximo 10 páginas. Fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5.

Resenha de livro: Máximo 04 páginas. Fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5.

Entrevistas: Máximo 04 páginas. Fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5.

Todos os textos devem apresentar resumo de até 300 palavras contendo: objetivos, metodologia e resultados. Também devem ter 03 palavras-chave. As citações de menos de três linhas devem estar no corpo do texto e as que tiverem mais de três linhas devem ser recuadas com margem esquerda de 4cm, corpo 10, seguindo as normas da ABNT.

As referências não podem ultrapassar 01 página e devem conter apenas os textos/materiais citados no trabalho. Também deverão estar de acordo com as normas da ABNT.

Os trabalhos devem ser enviados por e-mail em cópia do Word para lamparinaufmg@gmail.com

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A sociedade dos invisíveis

Dias atrás, entrei no ônibus e um fato me chamou a atenção. Estava sentada nos bancos da frente, quando um morador de rua embarcou no coletivo e se sentou próximo à mim. Imediatamente, vários passageiros que estavam sentados perto da gente se levantaram e ficaram em pé. Logo depois, foram entrando mais pessoas no ônibus e ninguém se sentava do lado daquele morador de rua.  Isso me levou a refletir em como a sociedade é hipócrita e o pior de tudo é que, ainda, fazemos parte dela. Me lembrei também do documentário do José Padilha, Ônibus 174, que conta a verdadeira história de um seqüestro ocorrido  no ônibus da linha 174 que circula no Rio de Janeiro.

Toda a mídia se mobilizou para transformar o fato em filme ou novela só que eles esqueceram que não poderiam contar com um roteiro em que constasse um final feliz. Dessa vez, o vilão não era propriamente o seqüestrador, Sandro do Nascimento e nem a refém Geisa, imigrante nordestina, mas sim a polícia que em tentar realizar um ato heróico acabou como diz aquele ditado “metendo os pés pelas mãos” e matando pessoas inocentes.  Logo no início do documentário as imagens de um homem cercado pela polícia e pelas câmeras de televisão dentro do ônibus, tendo 12 passageiros como reféns fornece a idéia de uma produção cinematográfica, mas, na verdade, ao prestar atenção aos depoimentos percebi que aquilo era a vida real.

Além de terem sido mortos no mesmo dia e revelarem as contradições sociais do país, Sandro e Geisa tinham em comum os sonhos que a mídia alimenta nas pessoas. Tanto Geisa, sonhava ficar famosa no Rio, ao aparecer na TV, como Sandro que falava a mesma coisa para sua mãe adotiva, na época em que tentava largar as ruas e mudar de vida. Não, eles não participaram do Big Brother e nem de nenhum outro reality show, mas por ironia do destino, os sonhos deles se cruzaram no dia do seqüestro do ônibus e se transformaram em um grande pesadelo sendo transmitido ao vivo para milhares de pessoas no país assistirem e sem ninguém para fazer nada.

As pessoas que vimos todos os dias pela cidade, pedindo ajuda e comida para sobreviverem, enfrentam realidades difíceis morando na rua e podem qualquer dia desses querer brincar de polícia-ladrão, um jogo que transcende a fantasia e se torna parte da realidade do nosso cotidiano. Como nos filmes de bang-bang onde existe um mocinho e um vilão a negociação que envolvia o seqüestro do ônibus que Sandro mantinha as pessoas reféns faz parte de um jogo em que ele lutava para ganhar da polícia, mas acabou perdendo.

Sandro foi considerado por muitas pessoas como louco, até mesmo pelos amigos de rua. Na verdade, é difícil julgar uma pessoa como louco, pois a loucura é um aspecto humano em que o indivíduo não gosta de seguir as regras sociais impostas.  Além disso, a loucura de Sandro pode ter sido resultado de doenças mentais e alterações provocadas na sua consciência devido ao uso de drogas. A loucura que as pessoas julgaram que Sandro tinha também pode ter sido gerada pela própria sociedade devido as múltiplas identidades que ele tinha. O policial que tentava negociar com ele chamava-o de Sérgio, mas no decorrer do documentário descobri que o mesmo Sérgio tinha o apelido de “Mancha” pelos amigos de rua. Para mim, você e eles que fazem partem da sociedade o que seria uma mancha, caro leitor? Se pensarmos um pouco tenho certeza que encontraremos a resposta.

Vou tentar refrescar a memória de vocês com uma evidência deixada em 1993, ano em que também no Rio de Janeiro aconteceu uma das maiores tragédias do país. Vários meninos de rua foram mortos na chamada “Chacina da Candelária” pelas mesmas pessoas que mataram Sandro e Geisa, os policiais. Alguns meninos conseguiram sobreviver da carnificina realizada pelos policiais, dentre eles estava Sandro, que mais tarde ao seqüestrar o ônibus facilitou para que os policiais terminassem o “serviço sujo” e fazer com que Sandro ou “Mancha” se tornasse invisível assim como a sociedade queria naquela época e ainda quer nos dias atuais.

Acho que a resposta já está clara, para a sociedade as pessoas marginalizadas, assim como Sandro, podem ser consideradas “manchas” pois ao fazermos parte dessa sociedade hipócrita tentamos criar uma fórmula para torná-las invisíveis. Assim como Sandro era chamado pelos amigos de rua, existe outros milhares de “Manchas” espalhados pelo Brasil que lutam contra a invisibilidade e para não serem “apagados” pela sociedade.

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Congresso Brasileiro de Teatro acontecerá em Março

Nos dias 26 e 27 de março acontece, em Osasco/SP, o Congresso Brasileiro de Teatro.

O Congresso é aberto à todos os interessados em teatro.  A organização do evento está elaborando uma lista das pessoas interessadas. Portanto, quem quiser participar deve enviar um e-mail com o nome ou nome do grupo,  a localidade (cidade e estado), se for grupo deve ter o número de integrantes que irão participar, se já possui recursos de passagem e hospedagem ou não.

Os e-mails devem ser enviados até o dia 28/02 para ciabaitacla@ciabaitacla.com.br ou adailton_alves@terra.com.br. Mais informações sobre o Congresso podem ser obtidas pelos e-mails citados.

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Cinema é …

 

Cena do filme Cinema Paradiso (1988)

Já ouvi várias definições sobre cinema, algumas muito práticas e outras estritamente acadêmicas. A melhor que encontrei foi “arte da imagem”. Não pensem que cheguei nessa definição sozinha. Quem me dera ser tão genial assim…Foi em 2007, ao entrevistar o roteirista Di Moretti, que ele me mostrou o verdadeiro significado da palavra cinema.

Lembro que durante a entrevista realizada com o Di, me recordei que o filme Cabra-Cega (2001) , escrito por ele, apresentava situações semelhantes ao filme À Noite (1961), de Michelangelo Antonioni, e resolvi perguntar qual era a opinião dele sobre os trabalhos cinematográficos do diretor italiano. O Di afirmou ser um admirador do Antonioni pelo fato dos filmes dele serem imagéticos e disse com todas as letras: ” …acho, afirmo e vou falar sempre que cinema é a arte da imagem. Todo filme que pudesse traduzir com fotos e boas imagens que também fossem impactantes é digno de ser assinado como de cinema”.

Pronto! Depois disso, toda vez que assisto um filme me lembro da definição que o Di me mostrou. Se a gente for analisar o cinema é realmente a “arte da imagem”. Os pensamentos e sentimentos que temos em relação ao filme é causado devido a arte que uma equipe produziu por meio de captação e montagem de imagens. Às vezes, se essas imagens não são trabalhadas tão artisticamente a gente se sente incomodado e acha ruim, talvez para alguns até perca o valor de arte. Essa “arte da imagem” é, na verdade, um paradoxo porque pode nos encantar como desencantar, nos fazer rir ou chorar, mas também nos impulsiona para algo maior. Talvez seja isso que nos faça amá-la tão plenamente…

OBS: Resolvi compartilhar essa definição que o Di me mostrou porque até hoje foi a melhor que encontrei. Mas se vocês tiverem outras idéias sobre o que é o cinema enviem para o meu e-mail ou postem nos comentários!

 

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Simplicidade transforma Amélie Poulain em filme fabuloso

Roteiro criativo, fotografia marcante, uma história simples e encantadora: esses são os principais ingredientes que transformam o filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain em uma grande poesia visual.

Dirigido pelo francês Jean-Pierre Jeunet, que também assina o roteiro juntamente com Guillaume Laurant, o filme conta a história de Amélie Poulain, uma jovem que não manteve contato com outras crianças na sua infância, tornou-se solitária e com dificuldade em estabelecer relacionamentos com outras pessoas. Após encontrar uma caixa com brinquedos antigos em seu apartamento, resolve procurar o dono para devolver. Ao encontrar o dono dos brinquedos, Amélie decide ajudar todos ao seu redor e acaba ajudando também a si mesma.

Apesar de ser uma história simples, durante o desenvolvimento do filme o público pode esperar pelas mais diferentes situações. O roteiro foi muito bem trabalhado, cria circunstâncias e problemas inesperados que surpreendem o espectador. Um exemplo está no fato de Amélie criar uma espécie de “jogo” ao deixar várias pistas para que Nico, personagem pelo qual se apaixona, descubra quem é ela. A imprevisibilidade é a principal característica do filme, o que abre possibilidades para diferentes interpretações e leva a reflexão do espectador.

Há presença de um narrador onisciente desde do início do filme, que revela os pensamentos e características das personagens. Esse recurso, faz com que a produção apresente uma carga literária que leva o espectador a perceber em certos momentos que ele se assemelha a um conto.

Os protagonistas Amélie e Nico demonstram como o relacionamento humano pode ser paradoxal porque apresentam ao mesmo tempo contrastes e complementações. Enquanto Amélie não teve contato com crianças durante a sua infância, Nico já apresentava laços com outras crianças de maneira extrema. Porém, ainda são identificadas afinidades entre as personagens porque quando eram crianças ambos queriam ter irmãos, já depois ao atingir a idade adulta se interessam por fotografia, sendo este fato um importante elo de ligação entre as personagens.

A fotografia e o aspecto visual do filme se destacam na obra. As cores são usadas de maneira inteligente, sendo refletidas no próprio cartaz ou capa da fita do filme que tem o verde e o vermelho como principais elementos que despertam a atenção. Essas cores também se destacam na bela fotografia e nas roupas das personagens. Além disso, as cores são utilizadas para gerar efeitos especiais, caracterizar os flashbacks e pensamentos das personagens.

Outro aspecto importante do filme pode ser identificado em uma cena em preto e branco que Amélie aparece mascarada e com uma capa marcando a letra Z com uma espada. Há nisso uma menção ao personagem de quadrinhos Zorro, criado pelo repórter policial Johnston McCulley, que defendia os “fracos e oprimidos” vestido com uma máscara e uma capa negra, marcando a letra Z com sua espada em paredes e nas roupas de seus inimigos como marca de sua passagem. A explicação para essa associação está no fato de após encontrar o dono dos brinquedos antigos descobertos no seu apartamento, Amélie se transformar em uma heroína e buscar ajudar todos ao seu redor.

As animações apresentadas surpreendem e criam um clima de fantasia porque elas tomam vida e dialogam, chegando a mostrar ao público até mesmo pensamentos das personagens. O uso desse elemento é esclarecido pelo fato do diretor francês Jean- Pierre Jeunet já ter dirigido comerciais e videoclipes antes de iniciar a carreira cinematográfica.

Apesar da grandiosidade da obra, um ponto negativo é o uso extremo de expressões francesas que faz o espectador que não tem um conhecimento da cultura francesa se confundir em algumas partes do filme.

O gênero “comédia romântica” é caracterizado de maneira explícita devido a Amélie buscar em Nico acabar com a sua solidão e introversão, e se dar conta dos erros que cometeu ao “jogar” com ele ao invés de revelar seus reais sentimentos.

Merece destaque a doçura e inocência que a atriz Audrey Tautou consegue transmitir ao interpretar Amélie Poulain. Através da simplicidade e de detalhes como esse, Jean-Pierre Jeunet consegue atingir o público com o lirismo poético da sua obra cinematográfica.

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